Como aquecer seu mosto


Para trabalhar com leveduras Kveik podemos simplesmente deixar a fermentação acontecer no ambiente quando o clima for quente (média de 25ºC). Entretanto, podemos querer uma temperatura constante para melhor eficiência na fermentação e, sabemos que em épocas frias teremos que aquecer o mosto. Alguns usam lâmpadas incandescentes controladas por termostato, lâmpadas especiais para aquecer répteis e outros, simplesmente envolvem o fermentador/balde com mantas isolantes ou cobertores e levam para dentro de casa. Portanto, sempre teremos uma alternativa para conseguir fermentar com eficiência a nossa cerveja.

Um método que uso e funciona muito bem, é o de usar uma resistência (rabo quente) de 1000 Watts ligado a um termostato comum. Consigo uma variação de temperatura que permite um ótimo metabolismo das leveduras com fermentação vigorosa, rápida e eficiente.

Observe o esquema abaixo o sistema que uso. Para se obter um bom desempenho é extremamente necessário que o sensor do termostato fique bem próximo da resistência sem ficar em contato. Isso evita um aquecimento acima do pretendido, já que a resistência gera calor muito rápido. Dessa forma, a resistência liga e desliga mais vezes mantendo a temperatura sob controle e de forma eficiente.

É muito fácil montar o equipamento que uso nos meus fermentadores e nos baldes.
Descrevendo:
  • Prendo com uma fita adesiva (tipo 3M) o termostato na tampa pelo lado interior, junto com o sensor do termostato. 
  • Passo o cabo da tomada de energia e fio do sensor por uma abertura na tampa do balde/fermentador.
  • Prendo novamente com a fita os cabos na parte externa da tampa do balde.
  • Tento manter a resistência (local que gera o calor) em posição bem distribuída no líquido.
  • Faço uma vedação com fita 3M para evitar contágio. 
  • Outra abertura uso para sair a mangueira do airlock. 
  • Pronto está montado e sua temperatura será controlada com eficiência.
Esse processo funciona bem para balde de 20 e 30 litros e fermentadores cônicos de até 50/60 litros.

Experimento sobre a dissipação do calor
Com o objetivo de saber a eficiência desse sistema para aquecer o mosto durante a fermentação um experimento simples foi montado.

Três sensores (A, B e C) foram colocados dentro de um balde com 15 litros de água e uma resistência de 1000W conforme o esquema abaixo. O sensor A é do termostato e ficou aproximadamente 2 cm da resistência; o sensor B ficou distanciado 8 cm da resistência e o sensor C ficou a 17 cm (na borda do balde, sem tocá-lo). Todos na mesma profundidade. Um sensor extra (D) ficou no ambiente para medir a temperatura ambiental do local do experimento. O sensor B, C e D são de termômetros digitais. Todos os sensores foram calibrados previamente. O termostato foi regulado para 30ºC e para ter histerese de 0,5ºC.

Durante 12 horas, a cada 30 minutos as temperaturas foram anotadas para verificação de eficiência e dissipação do calor para adequação do sistema. Os dados são apresentados no gráfico abaixo.
Lembrando:
A- Sensor a 2 cm da resistência
B- Sensor a 8 cm da resistência
C- Sensor a 17 cm da resistência
D- Sensor no ambiente
O experimento foi realizado das 7 horas e 30 minutos às 19 horas do dia 12 de junho de 2020. 

Como podemos observar no gráfico acima o sistema funcionou muito bem, mantendo a temperatura da água dentro de uma variação de 2ºC (30 a 32ºC). Isso é de fundamental importância para uma boa atividade metabólica das leveduras Kveik. 

Quanto a dissipação do calor mostrou eficiência e perda insignificante, mesmo quando analisada junto com a intervenção natural da temperatura ambiental.

A calibração do termostato pode ser com histerese menor que, consequentemente, apresentará desvio menor melhorando a eficiência do sistema.

Novo experimento deve ser executado quando a temperatura ambiental for menor para testar a perda de calor pelas diferenças entre mosto e ambiente.



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