VIENNA IPA - Opshaug Kveik

Fazer IPAs com Kveik é uma grande aventura. A maioria das pessoas que tentaram não tiveram uma resposta satisfatória. Eu mesmo já fiz algumas brassagens desanimadoras e tinha decidido não tentar mais voltando para a velha e confiável US-05.

O grande problema é que a cerveja perde o aroma, sabor ou fica muito turva. Sei que pode ser um problema no meu processo ou algum fator que ainda não descobri. É por isso que sempre faço novos testes antes de chegar a alguma conclusão. Acho que as variedades Seljeset, Simonaitis (Landrace) ou Opshaug podem dar bons resultados.

Recentemente surgiu a Opshaug distribuída pela White Labs (WLP518 - Opshaug KVEIK Ale) onde comprei um sachê para testes. Segundo o distribuidor, "essa cepa foi originalmente usada na década de 1990 para produzir várias cervejas ao estilo kornøl. É uma levedura de fermentação limpa e tolera altas temperaturas de até 33ºC e de atenuação muito rápida finalizando a fermentação em 3 a 4 dias", apresentando aromas e sabores o que  torna ela ideal para IPAs e APAs.

Segundo o fabricante, 1 sachê pode ser usado para 20 litros de cerveja (OG < 1,050). Para OG acima de 1,050, sugerem fazer um Starter da Levedura;

Atenuação: 70% a 80%

Floculação: média a alta

Temperatura de Fermentação ideal: 24-33°C

Tolerância ao Álcool: 8% a 12%

 

Fiz dois testes de IPAs.

EXPERIMENTO 1 [aqui]

Resumindo: A atenuação ocorreu em 36 horas, chegando a densidade de 1015, bem acima do esperado para a receita (1010 a 1012). Esse fato pode estar relacionado às variações de temperaturas ambientais que ocorreram durante o experimento (23,5ºC a 31,5ºC) e a temperatura do mosto/cerveja (24ºC a 29,8ºC), com noites bem mais frescas que as tradicionais para essa época do ano (abril). Outras explicações não são fortes, porque o mosto tinha média densidade, foi feito starter, introdução de nutrientes e o mosto foi muito aerado. A cerveja ficou bem turva, contrariando o esperado para essa cepa, e foi para a maturação a 1,0ºC por 7 dias, permanecendo o aspecto turvo. Essa turbidez pode estar relacionada ao Dry Hopping (6g/litro) feito em temperatura ambiente (aproximadamente 29ºC), possível oxidação ou biotransformação que pode ter ocorrido durante o processo. Entretanto, apresentou um aroma de frutas cítricas agradáveis (uma mistura de manga, pêssego, maracujá e abacaxi), predominando manga.

Para ler sobre biotransformação [clique aqui]

 

EXPERIMENTO 2

Receita: VIENNA IPA

Malte Pale Ale- 2,0kg

Malte Vienna- 2,0kg
Malte Carahell- 1,0kg

Trigo claro- 1,0kg

Malte Carapils- 0,5kg

Aveia- 0,5kg

Malte Biscuit- 0,25kg

Lúpulo Harllertau Magnum- 50g a 60´

Lúpulo Simcoe- 25g a 10´

Lúpulo Citra- 25g a 0´

Brassagem: 75´ - Baixei os maltes a 55ºC e deixei a temperatura subir até a 68ºC e mantive. Comecei a contar o tempo de brassagem quando a temperatura chegou a 64ºC.

Fervura: 75´

Dry Hopping: 50g de Citra + 25g de Mosaic. Incluídos na cerveja iniciando a maturação a 1,5ºC por 7 dias. No quinto dia de maturação adicionei 12g de gelatina para clarificar.

OBS: Durante a fermentação a temperatura foi controlada e mantida a 30ºC.

Após 7 dias a cerveja foi condicionada em postmix, recebeu injeção de CO2 e foi para o kegerator para ser servida.

 

Obtive 25 litros de mosto com densidade de 12 brix (densidade de 1048) e atenuação no quarto dia.

 

 

 

Comparando os dois experimentos, pode-se observar que no experimento 1 a atenuação ocorreu mais rápido (segundo dia), mas com uma densidade maior (1015). O experimento 2, com temperatura controlada a fermentação foi mais lenta, mas a atenuação foi maior. Observe a figura abaixo a comparação dos dois experimentos com a Opshaug.

 


Experimento 1

cerveja ficou fora do esperado, mas todos que provaram gostaram.

Ficou com baixo sabor de levedura, predominando o sabor maltado e poucos ésteres esperados para a Opshaug Kveik. Amargor característico das IPAs com leve aroma de frutas tropicais. A Opshaug Kveik mostrou um perfil que aparentemente valoriza o amargor do lúpulo. Outros estudos serão executados para ampliar os conhecimentos sobre essa variedade de Kveik. Portanto, parece ser indicada para receitas de IPAs, APAs e NEIPAs.


Experimento 2
A cerveja ficou ótima, apenas com o aroma reduzido. Esse foi o primeiro copo do barril, depois ficou bem mais limpa. A receita é boa, achei melhor que a do experimento 1, precisando apenas aumentar a incorporação dos aromas no Dry Hopping. 





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